Análise | Hell Clock é um jogo brasileiro que se destaca pela autenticidade

A Rogue Snail é um estúdio Brasileiro que conseguiu se sobressair no cenário graças ao seu recente lançamento, Hell Clock. Jogamos recentemente o título e aproveitamos para trazer nossas impressões a respeito desse intrigante jogo nacional.

Uma ambientação única nos jogos

Hell Clock é um jogo que já se destaca pela sua proposta. O jogo traz uma ambientação bem única, se passando em uma versão alternativa da Guerra de Canudos no Brasil, mas com a adição de elementos de fantasia sombria. Sendo uma temática extremamente rara de se ver em um jogo, o estúdio brasileiro Rogue Snail conseguiu trazer um ar único ao seu título.

O jogo acompanha Pajéu, um guerreiro que conquistou sua liberdade em batalha, e agora viaja até as profundezas do inferno para resgatar a alma do Conselheiro – seu mentor e líder espiritual de Canudos. Devido a escolha do estúdio, a ambientação do jogo consegue já de cara atrair a atenção do jogador.

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O personagem principal também traz uma profundidade interessante para a trama. Sendo um ex-escravo em busca de vingança, Pajéu tem grande importância para  esse momento histórico do Brasil.

Toda essa proposta única ainda ganha vida com uma bela arte. A estética de Hell Clock é encantadora, tendo uma das artes mais chamativas em um título Brasileiro. Seus gráficos em cel-shading combinados com várias explosões e efeitos estilizados entregam um delicioso caos em meio aos tiroteios. 

A trilha sonora também traz uma beleza singular ao título, com muitas músicas características do sertão Brasileiro, dando ainda mais aquele gostinho nacional e único ao jogo.

E para dar ainda mais autenticidade à experiência, temos que destacar aqui a dublagem Brasileira fenomenal do jogo, entregando um toque realmente especial graças ao sotaque nordestino presente.

Gameplay caótico, mas com possibilidades

Hell Clock é um ARPG roguelike, então o gameplay é sem dúvidas um dos seus pontos mais importantes. O jogo entrega um combate rápido e dinâmico, tornado prazeroso desviar por entre as dezenas de projéteis na tela enquanto atira nos inimigos.

Os combates possuem animações bastante satisfatórias. Os controles funcionam muito bem, sempre responsivos. Os ataques também possuem um senso de impacto nos inimigos, tornando prazeroso os abates. Para quem gosta de ARPGs, certamente vai se sentir em casa. 

Hell Clock ainda se destaca pela sua criação de builds. Os jogadores possuem uma variedade de formas para evoluir, seja a sua extensa árvore de habilidades, uma grande quantidade de relíquias e outros itens que ajudam na jornada.

As relíquias podem trazer uma grande variedade para o combate, com novas habilidades e até a possibilidade de realizar sinergia entre elas. É um sistema que faz o jogador realmente sentir a melhora no personagem.

Mesmo sendo um roguelike, Hell Clock consegue fazer com que cada run seja satisfatória e significativa, com o jogador realmente sentido uma evolução. Ao  contrário de outros do gênero, senti que Hell Clock aposta mais forte nas melhorias permanentes fora das runs, o que significa que pode agradar até mesmo quem não é fã do estilo.

Hell Clock é aquele jogo que você sempre pensa, “só mais uma partida”. O game incentiva a experimentação e deixa o jogador sempre curioso para testar como irá se sair com uma nova melhoria ou habilidade diferente.

O jogo ainda conta com uma mecânica central: o próprio Hell Clock. Esse relógio é um contador presente em toda run, e quando chega ao zero, você precisa abandonar e começar uma nova run.

Há várias formas de estender o tempo da run, seja com melhorias permanentes que ampliam a duração, ou matar chefes, os quais acrescentam tempo extra na partida atual.

A mecânica do Hell Clock cria um tenso sistema de risco vs recompensa. Você pode se dar ao luxo de explorar mais e ir no seu próprio ritmo, mas corre o risco de acabar sem tempo. Lembrando que o tempo é pausado durante as lutas com chefes, o que torna mais justo com o jogador.

Essa é uma mecânica que traz um interessante sistema de tensão para o jogo, criando sempre um senso de urgência e aumentando o caos das batalhas. No entanto, sabendo que nem todos apreciam jogar de forma mais ‘apressada’, o estúdio incluiu um Modo Relaxado, onde você pode jogar sem tempo.

O jogo ainda conta com muitos modos para aproveitar. Você pode aproveitar a campanha no Hardcore, onde a morte significa o fim permanente do personagem. Ainda há várias escolhas  de dificuldades, com loot cada vez melhor, além de um endgame desafiador. O estúdio continua trazendo novidades, então você sabe que pode esperar muita coisa para aproveitar.

Pontos  a se melhorar

Agora entrando na parte que poderia ser melhor, preciso citar o sistema de loot. Em alguns momentos, o drop de item pode ficar um tanto quanto estagnado. Muitas relíquias duplicadas acabam sendo dropadas, que não ajudam em nada na construção de build. E considerando que os upgrades temporários do jogo acabam não sendo tão relevantes, a ausência de uma nova relíquia pode prejudicar o avanço, especialmente no início do jogo.

Outro ponto, é que apesar da bela arte visual, o jogo acaba pecando um pouco no design das dungeons. Após um certo tempo, começa a bater um senso de repetitividade nos cenários, já que todos são muito parecidos. 

Nota: 86

Pontos Positivos

• Ambientação única inspirada na Guerra de Canudos
• Belos visuais em cel-shading
• Trilha sonora autêntica e dublagem com sotaque
• Combate rápido, responsivo e satisfatório
• Sistema de builds variado
• Variedade de modos de jogo e endgame desafiador
• Jogabilidade com incentivo à experimentação

Pontos Negativos

• Sistema de loot inconsistente
• Design de dungeons repetitivo, gerando monotonia visual

📰 Notícia originalmente publicada em GameVicio

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