Ator de Gustave em Clair Obscur diz que premiações deveriam premiar os personagens, não apenas suas performances

O sucesso de Clair Obscur: Expedition 33 reacendeu um importante debate na indústria de games sobre como as premiações reconhecem talentos por trás dos personagens virtuais. O jogo, que recebeu diversas indicações no The Game Awards deste ano, levanta questionamentos sobre a necessidade de uma categoria dedicada a personagens, em vez de premiar apenas performances individuais.

No centro dessa discussão está o personagem Gustave, protagonista de Clair Obscur: Expedition 33, que foi interpretado pelo ator Charlie Cox (conhecido por Demolidor) na parte vocal, enquanto o francês Maxence Cazorla realizou toda a performance de captura de movimentos. Embora Cox tenha sido indicado ao prêmio de Melhor Performance no The Game Awards, o trabalho de Cazorla não recebeu o mesmo reconhecimento oficial.

Em novembro, Cox já havia demonstrado humildade ao declarar que qualquer mérito deveria ser compartilhado com Cazorla, afirmando que “a performance do personagem se deve a ele, e minha voz foi apenas parte desse processo“. Em entrevista recente, Cazorla expressou gratidão pela postura de Cox.

“Foi uma honra incrível para mim que Charlie falasse publicamente e reconhecesse meu trabalho. Fui profundamente tocado por sua humildade e generosidade”, revelou Cazorla, que também explicou que sua contribuição e a de Cox aconteceram em diferentes estágios do desenvolvimento, algo comum na produção de games. “No final, é realmente a combinação dessas duas performances, junto com o incrível trabalho de escrita e desenvolvimento, que deu vida ao personagem.”

Quando questionado sobre não receber uma indicação por sua contribuição e se as premiações deveriam mudar, Cazorla apresentou uma visão equilibrada. “Quando se trata de uma potencial categoria de captura de movimento, acho que é um assunto delicado, porque cada jogo é construído de maneira diferente.”

“Em Clair Obscur, muitos personagens são criados através da colaboração entre dois atores. Por exemplo, Maelle com Charlotte Hoepffner e Jennifer English, Lune com Estelle Darnault e Kirsty Rider, Verso com Ben Starr e eu mesmo. Outros jogos podem ter um único ator fazendo a captura de performance completa, e alguns projetos envolvem até performers de stunts, atores de mocap e dubladores contribuindo para o mesmo personagem.”

Para Cazorla, a maneira mais justa de celebrar os artistas seria premiar o personagem em si, e não performances isoladas. “Isso é algo que o DICE Awards já faz, e acho que é uma abordagem muito inteligente. Se você recompensa Gustave como personagem e seu impacto nos jogadores, você reconhece Charlie Cox pela voz, eu pela captura de movimento, mas também os roteiristas que moldaram sua personalidade, os artistas de personagem e todos que contribuíram para dar vida a ele.”

“Videogames são, por natureza, uma forma de arte colaborativa, e os personagens ressoam porque muitos artistas lhes dão alma. Celebrar uma categoria de Melhor Personagem me parece mais lógico do que isolar um único performer e potencialmente deixar outros invisíveis”, concluiu o ator.

Fonte: Eurogamer