Dispatch mostra que jogos episódicos podem funcionar — basta fazer do jeito certo

Jogos episódicos nem sempre foram bem-vistos pela comunidade gamer. Obras de estúdios como Telltale e Don’t Nod frequentemente recebiam críticas por não serem lançadas de forma completa, mas sim aos poucos. No entanto, um dos exemplos modernos de que o modelo pode funcionar é Dispatch, o qual trouxe uma nova perspectiva sobre esse modelo e alcançou grande sucesso.

O carismático jogo de super-heróis provou que é possível entregar uma experiência episódica capaz de agradar ao público — basta executar o formato da forma correta.

O problema histórico: atrasos e falta de consistência

No passado, títulos lançados em capítulos sofriam especialmente com a demora entre cada episódio. Enquanto os primeiros jogos da Telltale apostavam em um intervalo de cerca de dois meses, esse período foi aumentando com o tempo, frequentemente acompanhado de atrasos.

Essa distribuição errática, sem um calendário bem definido, acabou frustrando muitos jogadores. Esses projetos buscavam imitar o formato das séries de TV, mas falhavam em um ponto crucial: a consistência.

Como Dispatch acertou no formato

Dispatch surge mostrando que o lançamento episódico pode, sim, funcionar. Além de apresentar desde o anúncio um cronograma claro, o jogo também evitou grandes intervalos entre os capítulos.

Dois novos episódios eram lançados semanalmente, sempre no mesmo dia. Essa cadência aproximava o jogo do ritmo de uma série televisiva, oferecendo novidades constantes sem cair na armadilha de longas esperas — algo que prejudicou tantos outros títulos desse formato.

O intervalo de apenas uma semana dava tempo suficiente para a comunidade debater teorias e discutir a história, ao mesmo tempo em que mantinha o hype sempre em alta. Essa estratégia não só exemplificou como fazer um bom lançamento episódico, como também ajudou o jogo a permanecer em evidência nas conversas dos jogadores.

Produção concluída antes do lançamento

O segredo por trás disso é que a AdHoc, estúdio responsável pelo título, não utilizou o intervalo entre lançamentos para finalizar os episódios. Ao contrário do que acontecia na Telltale, onde o desenvolvimento continuava entre uma estreia e outra — muitas vezes resultando em atrasos — Dispatch já estava totalmente concluído desde o início, sendo apenas disponibilizado gradualmente.

A opção pelo formato episódico foi uma escolha criativa consciente para manter o interesse do público, não uma necessidade de produção.

Um exemplo moderno de como fazer

Claro, sempre haverá quem prefira ter o jogo completo no dia do lançamento. Ainda assim, é inegável que Dispatch serviu como um exemplo positivo dentro do modelo episódico. Toda a experiência foi disponibilizada em um curto período: os primeiros episódios chegaram em 22 de outubro de 2025 e os últimos em 12 de novembro do mesmo ano, o que significou uma espera de apenas três semanas para que os jogadores tivessem o pacote completo.

Esse intervalo enxuto é ideal tanto para quem gosta de acompanhar, comentar e teorizar semanalmente quanto para aqueles que preferem maratonar tudo de uma vez quando o conteúdo está totalmente disponível.